DOSSIÊ SEM FORÇA (APARENTE)

Um dossiê apresentado ontem por seis clubes pede a unificação dos títulos brasileiros a partir de 1959 - e não 1971, como é atualmente. Dirigentes de Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Palmeiras, Fluminense e Santos se reuniram para reivindicar conquistas da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa - campeonatos considerados como o embrião do atual Brasileirão. Na regra, e caso a CBF acatasse o pedido, isso modificaria o atual ranking de títulos do país, com Santos e Palmeiras à frente com oito conquistas.

Não irei entrar no mérito da legalidade da questão. Até porque vou me aprofundar no assunto ao longo dos próximos dias. E reconheço que cada título, cada simples torneio disputado, teve sua devida importância em determinada época. Mas o fato é que o pedido, além de polêmico, tem algumas particularidades consideradas singulares (no mínimo). Como o inusitado título-duplo do Palmeiras em 1967. Por ter ganho tanto a Taça Brasil quanto o Gomes Pedrosa, o time alviverde reivindica a soma de duas conquistas em um mesmo ano.

O pedido tem dividido alguns especialistas esportivos. Pelo menos àquilo que pude ler sobre o assunto. Mas uma coisa é certa, a batalha será longa e difícil. Pelo que pude acompanhar no noticiário paulista e carioca nestes três dias, o próprio tema não tem força nem respaldo da mídia esportiva.

Para fazermos um paralelo dos jornais de hoje (um dia após o anúncio oficial do dossiê pela unificação); Folha de SP sequer tocou no tema, nem uma única nota de rodapé, Estadão traz uma matéria pequena na qual se abstém a reportar apenas o lançamento do pedido à CBF (ontem no Palestra Itália, em um evento que reuniu vários jogadores da época). Já o Lance! traz uma matéria mais completa, o único veículo que dedica atenção ao tema por sinal. E pra finalizar, o Globo traz também apenas uma pequena nota falando sobre o dossiê.

Ainda não sei dizer se há alguma chance de a CBF considerar o pedido. Mas só este fato que levantei já é um sinal de que, caso o dossiê fosse aceito, desagradaria a muita gente. Indícios que serão levados em conta de uma provável resposta - negativa - do nosso eterno Ricardo Teixeira.