SELEÇÃO VENCE COM SUSTOS NA ESTREIA!

Parecia que ia ser fácil, de goleada. Parecia que o Brasil faria um jogo ainda melhor do que contra Uruguai e Paraguai, talvez as melhores exibições do ano da seleção, incluindo nessa lista o amistoso contra a Itália em fevereiro. Parecia que até mesmo o trio de volantes de Dunga (com Elano mais adiantado) jogaria uma bela partida, tanto individual, quanto coletiva e taticamente. Parecia ainda que Dunga começava a moldar o grupo que vai à Copa, dando-lhe cara, jeito e o futebol que se espera de uma seleção brasileira - cinco vezes campeã mundial. O Brasil jogava com consistência e equilíbrio, diga-se ainda. E parecia que Dunga ia cada vez mais calando seus críticos. Inclusive este....

E até que foi assim por 45 minutos, os iniciais, salvo um ou outro deslize da equipe dunguiana como no gol de cabeça de empate de Zidan (coincidentemente africano de origem como o quase xará francês, naturalizado), logo aos 7 minutos. Até aí tudo bem já que um pouco antes Kaká havia presenteado o torcedor brasileiro com um golaço, após driblar dois egípcios com a bola no alto, em um chapéu e um corte seco.

Aos 12, Luís Fabiano tratou de virar o jogo em uma bela cabeçada no canto do goleiro após cruzamento de Elano. Em 12 minutos, três gols. E o brasileiro começava a se animar com sua seleção. Ainda que muitos não considerem, de fato, esta seleção a sua. Mas com três bons jogos consecutivos era algo que animaria a qualquer um. O time de Dunga criava, envolvia e chegava no gol. Por mais que os egípcios não se escorem somente no poder de marcação (graças a Deus, o futebol-futebol ainda existe!). Aos 37, Elano cobrou escanteio certeiro na cabeça de Juan que só escorou para o fundo das redes. A seleção de Dunga, pasmem, tinha até jogadas ensaiadas. Eu estava simplesmente incrédulo com aquilo que via. E o Brasil fazia os 3 a 1 por merecer.

SEGUNDA ETAPA

E veio o segundo tempo. Os egípcios resolveram partir pra cima, na esperança de encontrar algum gol que lhes desse alento. E, de repente, uma pane na seleção. Em duas falhas defensivas, Shawki e Zidan (ele de novo!) empataram o jogo. Delírio no estádio sul-africano. Era sim possível vencer a seleção mais idolatrada do mundo.

Prevendo o pior, Dunga tirou Robinho (quase nulo no jogo) e Elano (que despencou seu rendimento no decorrer da partida) para as entradas de Pato e Ramires. O Brasil, assustadoramente, caiu de produção, embora mesmo assim buscasse a vitória. O Egito assustava nos contra-ataques. Kaká tinha lampejos, mas não conseguia buscar o desempate sozinho. Aos 38, André Santos entrou no lugar de Kléber, outro que esteve abaixo do esperado.

Nos minutos finais, o Egito se lançou ao ataque e tentou o gol da vitória. Inesperadamente, era possível fazer história. Os torcedores africanos, resignados com o futebol brasileiro que viram no segundo tempo, agora torciam pelos irmãos de continente. Mas os deuses do futebol resolveram tirar o gostinho de vitória dos africanos e presenteou (ainda que de maneira justa) o povo brasileiro com um pênalti marcado aos 44 minutos. Kaká cobrou e, com precisão, decretou a vitória na estreia brasileira.

Parecia que ia dar tudo certo. A seleção conquistou os três pontos. Mas que deixou um gostinho amargo na boca do torcedor, ah isso deixou! E Dunga segue sua sina. A seleção o acompanha. Inconteste...

* crédito da foto: Agência EFE