OS 20 ANOS DE UMA TRAGÉDIA QUE REVOLUCIONOU O FUTEBOL INGLÊS

Em 15 de abril de 1989, há exatos 20 anos e um dia, o futebol inglês vivia sua maior tragédia. Liverpool e Notthingham Forest se enfrentavam pela semifinal da Copa da Inglaterra no estádio Hillsborough que, na época, tinha capacidade para mais de 50 mil pessoas. Superlotado, um dos setores do estádio acabou levando à morte de 96 torcedores do Liverpool, em sua maioria, pisoteados por seus próprios colegas de time e esmagados contra a grade de proteção do estádio. A tragédia foi um marco para a revolução do futebol inglês e até hoje é recordada por meio de homenagens fúnebres.

O próprio Liverpool, por exemplo, mantém um memorial com os nomes dos mortos daquela fatídica data. Há ainda, na sede do clube inglês, uma chama que nunca se apaga em respeito àqueles torcedores. Uma data que, por mais que doa, nunca é esquecida.

A tragédia foi causada por uma série de erros - principalmente de policiais e dos organizadores -, que culminou no famoso "Relatório Taylor". O incidente serviu de lição para todos aqueles que, de alguma forma, encontravam-se envolvidos com o esporte mais exaltado e apreciado na Inglaterra e no mundo. E uma série de mudanças foram propostas. E prontamente atendidas.

Aquele 15 de abril de 1989 é considerado um marco na modernização do futebol inglês. Não por acaso, atualmente os clubes locais são considerados modelos de administração no mundo. E a Premier League é hoje o campeonato nacional mais bem estruturado e organizado do planeta. Estádios inteiros foram reconstruídos e remodelados com a premissa de que futebol, conforto e segurança caminhassem juntos. E o resultado, hoje, é facilmente percebido e aclamado por todos.

PARALELO BRASILEIRO

Mas voltemos para nossa infeliz realidade. Aqui no Brasil, um ano e cinco meses após a tragédia da Fonte Nova - que deixou sete mortos e quase uma centena de feridos - até agora ninguém foi punido, nem responsabilizado. O mesmo pode-se dizer da tragédia de São Januário em 2000, da final do Brasileiro de 92 no Maracanã e da final da Copa São Paulo de Juniores em 95*. Entre tantas outras desgraças que rotineiramente mancham a imagem do futebol mais vitorioso do planeta.

Pior ainda é saber que não houve sequer o mínimo de esforço das autoridades para que adotássemos medidas preventivas e de modernização no esporte. E assim seguimos a nossa sina. Nua e crua. Mas, antes que alguém levante a questão e aponte o dedo na ferida, é rumo à Copa do Mundo de 2014. E assim todos seguimos - cegos e - felizes....

* crédito da foto: agência A/P

*UPDATE: Alertado por meu amigo Fernando Busian, constatei um pequeno equívoco no texto. A confusão a que me refiro aconteceu na final da Supercopa de Juniores no Pacaembu em 1995, em jogo entre São Paulo e Palmeiras e não na Copa São Paulo de Juniores, que teve o Corinthians como campeão.