quarta-feira, 23 de junho de 2010

À FLOR DA PELE


* Dunga já traçou seu discurso e a vertente dele é uma só – patriotismo. O treinador refugia-se na veia utópica para conclamar o apoio do povo brasileiro à sua seleção. Mas tropeça ao não conceder a esse mesmo povo, um mínimo possível de contato que seja com seus comandados. Falta-lhe sensibilidade ao conduzir a situação.

No domingo, até mesmo gritos de “Argentina” puderam ser ouvidos no Centro de Treinamento do Atlético –PR, local onde a seleção está concentrada. Além de xingamentos hostis direcionados ao próprio treinador. Inimaginável, tamanho desdém com um dos maiores patrimônios nacionais (talvez o maior), às vésperas do embarque para a África. Acuado, Dunga se viu obrigado a abrir o treino aos torcedores e seus jogadores puderam distribuir os primeiros acenos àqueles pelos quais “lutarão” na Copa.

A história nos prova que objetivos traçados no esporte tornam-se muito mais fáceis quando se tem o apoio e o clamor popular. Orgulhoso e pretenso, Dunga aparenta buscar o contrário. Fechado com seus comandados, o treinador bate na tecla do “comprometimento, união, grupo”. E isola-se cada vez mais. Em contrapartida, ganha antipatia crescente em todo o país, como comprova pesquisa Datafolha divulgada hoje.

O treinador cita o exemplo da farra de Weggis, na Suíça, na preparação de 2006. Apóia-se nela para distanciar o povo de sua seleção. Seu discurso já impregnou na cabeça dos jogadores, o Brasil vai para a guerra. Contra tudo e contra todos.

Dias atrás, Felipe Melo respondeu de maneira irônica, agressiva até, sobre qual seleção é mais lembrada, a de 82 ou a de 94. Talvez para ele, que não sabe quase nada - nem mesmo a respeito da seleção de 70 (a exemplo de outros do atual grupo), o futebol brasileiro seja apenas lembrado por resultados. Não é e a própria imortalidade da seleção de 82, quase 30 anos depois da tragédia do Sarriá, está aí para comprovar isso.

A seleção que embarca nesta semana para a África não sairá daqui nos braços do povo. Pelo contrário. Resta saber como voltará. E, mais importante ainda, qual será a postura de seu comandante-mor caso ele volte com a taça. Provalmente não será a de afagos, e sim a de impropérios.
* Esse post foi escrito há exatos 30 dias atrás. Qualquer semelhança com o atual momento do treinador brasileiro é mera coincidência.....

EM TEMPO - Na verdade, este blogueiro optou pela republicação do post por um simples motivo, causa de enorme desconfiança minha desde os amistosos que a seleção disputou na preparação para a Copa. Os jogadores cederam ao discurso de seu treinador e, de quebra, impregnou-se o nervosismo em campo e também fora dele. Um caminho perigoso, desnecessário.

Claro que nada apaga a bela apresentação no domingo, diante da Costa do Marfim. Mas as atitudes do treinador após o jogo e também no episódio fatídico da coletiva de imprensa não podem passar despercebidos. Dunga foi à guerra, mas escolheu os inimigos errados para metralhar.

4 comentários:

  1. Dunga detona a Globo, Kaká detona o Kfouri, Domenech detona o Parreira. E o mais simpático dessa copa é o Maradona! Pois é!

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  2. Simplesmente um babaca. Salvo o fim dos privilégios da Globo (momentaneamente), este cara não sabe porque ele tá lá. Ele tomou posse da seleção. Ainda bem que ele se vai antes de completar 5 anos, senão poderia reinvidicar uso capião.

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  3. usucapião é uma palavra só

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  4. Pra mim so importa o hexa, nada de tecnicos carrancudos, midia sensacionalista ou ate mesmo povo desconfiado, eu quero o HEXA e o resto que se foda. E posso falar???.. esse ta no papo, estou aberto a apostas.
    abs a todos e rumo ao penta

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