SANTOS, SANTOS, SANTOS!!!

Um belíssimo primeiro jogo da final do Paulista. Com duas etapas completamente distintas, separadas por dois abismos de merecimento entre as equipes. Enquanto a primeira etapa foi toda do Santo André, para espanto geral de quem foi ao Pacaembu, o segundo tempo teve o Santos que estamos acostumados a ver em 2010.

Verdade que o jogo também começou apenas movimentado. Muito mais por culpa do Santos, longe sequer de lampejos do brilhantismo que o marcaram neste início de ano. Já o Santo André surpreendia pela sua consistência e pela ótima apresentação coletiva. A marcação do time de Sérgio Guedes era implacável sobre Neymar e Robinho, que pouco faziam. O jogo se arrastava, exatamente do jeito que o Santo André queria. E que, brecado o ímpeto inicial santista, passou até a ousar e a sonhar.

Com pouco mais de 30 da primeira etapa, Neymar recebe um leve toque do zagueiro andreense e desaba ao chão, mas o árbitro não marca. Lance polêmico. Os jogadores do ABC partem em direção ao juiz implorando pelo amarelo que tiraria a joia da Vila da finalíssima. Reclamação em vão e improcedente também.

Mesmo assim, àquela altura o Santo André já era melhor. E fazia por merecer o gol no Pacaembu. Gol que veio logo depois, aos 34 minutos, com Branquinho cobrando falta até despretensiosa e que Felipe aceitou. O Santo André surpreendia não só o Santos naquele momento, mas o Brasil todo também.

Logo depois, Rodriguinho quase ampliou para incredulidade geral no Pacaembu. Até mesmo para sua esperançosa torcida, pasmada com a superioridade escancarada de seu time até então.

Aos 45, Nunes perdeu chance inacreditável. E um minuto depois, Rômulo enfileirou todo o meio-campo e a zaga santista e quase entra com bola e tudo. Era inacreditável a pane santista. O Santos sucumbia para delírio dos invejosos de plantão. O time da Baixada dessa vez era o rato, como há tempos não se via.

No segundo tempo uma alteração providencial. Neymar, machucado no olho, deu lugar a André. E a bronca de Dorival no intervalo deve ter sido daquelas difíceis de não serem ouvidas. Isso porque a postura era outra e o Santos enfim, era o Santos.

Com menos de dez minutos o Santo André era bombardeado. Ora com chutes de Marquinhos de fora da área, ora com André que pegou bela bola de primeira para excelente e segura defesa de Julio César. As jogadas vinham de todos os lados, pela esquerda com Léo, pelo meio com Ganso e Marquinhos e pela direita com Wesley. O volume de jogo santista havia voltado à normalidade.

Aos 12, a pressão surtiu efeito. André recebeu cruzamento perfeito de Ganso e, sozinho na segunda trave, só escorou e fez de cabeça o gol de empate.

O jogo pegou fogo. O Santo André quis mostrar bravura e foi ao ataque. Mas esqueceu-se contra quem estava jogando. O time de Dorival recuperou a bola, puxou rápido contra-ataque e Wesley apareceu de surpresa pela direta, conduziu a bola da intermediária do campo de ataque até a entrada da área e disparou belo chute cruzado para virar a partida. Dois a um para o time da Vila. Tudo o quê o Santos não havia feito nos primeiros 45 minutos, ele fazia em 15.

O jogo esfriou até os 25, quando Pará enfiou passe milimétrico para Wesley nas costas do lateral andreense. O meio-campista apareceu de novo sozinho na área e chutou mais uma vez cruzado para fazer o terceiro. Era quase um replay do que havia acontecido dez minutos antes.

O placar era simplesmente excepcional. Se tudo continuasse como estava, restava apenas esperar até domingo que vem para comemorar.

Aos 29, o zagueiro Toninho recebe merecidamente o segundo amarelo e foi expulso. Mesmo assim, o valente Santo André lançou-se ao ataque para diminuir o prejuízo. E criou boas chances. Até que, quase nos 40, a equipe do ABC fez bela jogada pela ponta e cruzou para o meio da área, Gil pegou de primeira e mandou a bola no pé da trave. No rebote ela bateu no pé de Rodriguinho e morreu no canto da rede santista. Três a dois, com gosto de esperança ao time do ABC. Por outro lado, três a dois com gosto de título anunciado para a Vila Belmiro.

Merecidamente, o Santos vence a primeira partida da final. A vantagem, que já era boa, agora fica imensa. Santos - virtual, (quase) real e legitimamente, campeão paulista de 2010. Resta apenas aguardar o jogo das faixas domingo que vem, no mesmo Pacaembu.

* crédito das fotos: Agência Reuters