QUEM OUSA PARÁ-LOS??????

Não há mais como negar, os meninos da Vila cresceram. Melhor ainda, não só cresceram como amadureceram. E ainda, não só cresceram como evoluíram (e evoluem) de maneira espantosa a cada jogo. Tanto técnica quanto taticamente. E porquê ontem haveria de ser diferente? Para delírio dos cerca de 14 mil santistas enlouquecidos com uma equipe na qual creditava-se pouco para este ano. Este blogueiro esteve lá na Vila para conferir tudo de perto. E, confesso, fiquei abismado.

Abismado com a rapidez em campo, com a velocidade de pensamento de Neymar e de Ganso, com o papel de líder que Robinho assumiu para si, com a cadência e a experiência de Marquinhos no meio, com a raça de Pará e até com o posicionamento da zaga santista que deixou espaço apenas em um cabeceio de Washington* ontem (a cabeçada na verdade foi Jorge Wagner).

Mas abismado ainda mais com a insolência de seu treinador que sacou André, o goleador santista, e colocou Wesley como volante ao lado de Arouca. Vejam só, caros leitores, como pode o técnico da Baixada cometer pecado tão mortal - e imoral - como este?!?! Colocar dois volantes somente de marcação, que só fazem faltas, destroem jogadas e nunca saem pro jogo?!?! Praticamente dois bucutus. É quase um ultraje, uma vergonha para o futebol brasileiro....

Ah sim, antes que alguém reclame algo, vamos ao jogo (ontem não teve espetáculo, no máximo um concerto, uma sinfonia).

Na primeira etapa, um jogo de meio-campo. Sabe aquele "ataque e defesa" que geralmente as equipes fazem no dia-a-dia em seus treinamentos??? Então, era isso. Com o detalhe de que o jogo em questão colocava frente a frente o São Paulo e seu sólido sistema defensivo e o Santos e seu jogo ofensivo. Um choque de estilos.

E o jogo que começou meio morno, meio molhado, acabou pegando fogo no fim da primeira etapa. Com o Santos em cima querendo o gol a todo custo. Mas o São Paulo também defendeu-se bem, é verdade.

Já no segundo tempo, o time de Ricardo Gomes precisaria partir pra cima. E até teve coragem para isso ao trocar o apagado Cléber Santana por Washington, por volta dos dez minutos. O São Paulo melhorou e esboçou reação.

Mas aí Robinho resolveu entrar de vez no jogo. E começou a distribuir dribles desconcertantes, enfileirar jogadores e a pedalar. Era apenas o prenúncio do que estava por vir.

Aos 14, o Santos fez longa e exuberante troca de passes e Marquinhos apareceu nas costas de Richarlyson para cruzar na área. Neymar foi empurrado por Alex Silva, caiu e tocou de mão, braço e ombro na bola. Um a zero, placar inaugurado na Vila e vantagem merecida.

A partir daí, o Santos abriu a porteira. O impetuoso Neymar começou a fazer graça e a pendurar a defesa inteira são-paulina. Richarlyson e Cicinho poderiam ter sido expulsos, mas contaram com a complacência do árbitro. Ainda antes dos 30, Neymar sofreu novo pênalti de Alex Silva e o juiz mais uma vez não marcou.

O Santos precisou então sofrer três pênaltis para que o juiz desse o primeiro (Robinho também sofreu um, na primeira etapa). Ainda que o marcado por José Henrique de Carvalho, não tenha existido. Aos 37, Neymar simulou toque de Miranda e o árbitro, longe da jogada, caiu na dele. Mas não culpem o árbitro, caros leitores. Como se fosse possível para alguém acompanhar de perto as jogadas da equipe da Baixada. E claro que teve paradinha e tudo mais. Santos dois a zero, dois de Neymar e explosão e euforia na Vila.

Dorival Júnior resolveu sacar Robinho e Neymar com receio de que os são-paulinos perdessem a cabeça em campo. E colocou Madson e Zé Eduardo. Logo depois, Madson deu uma correria pela esquerda e cruzou para PH Ganso fechar o marcador. Três a zero na Vila. E a torcida, mal acostumada, ainda pedia mais. Mas, imaginem, foi só três a zero.

Se havia alguma dúvida que pairava sobre a eficiência santista, podem tratar de guardá-la para si. Porque o fato - e mesmo a contragosto de muitos - é que a nova geração de garotos comandada por Dorival Júnior é sim a melhor equipe do país neste início de ano. Alguns podem até argumentar que o Corinthians possui um belo elenco e já é um time encaixado (ao contrário do São Paulo, por exemplo), ou ainda que este rápido Cruzeiro de Adilson Baptista também possa fazer frente ao Santos. O que, em tese, até pode ser verdade. Mas para isso teremos que aguardar o resto do ano para ver se isso confirma-se na prática.

Alguns são-paulinos também tentarão, ainda que em vão, reclamar. Mas convenhamos, seis a dois no placar agregado só confirma e corrobora a enorme diferença entre as duas equipes hoje.

Este é o fantástico Santos de 2010, noventa gols no ano. Quase um por dia. É ou não é para ficar embasbacado?!?! Pensem nisso.....

* créditos das fotos: GloboEsporte.com