VITÓRIA DE GENTE GRANDE!!!!

Um belo clássico de dois tempos distintos. O primeiro do lado santista, o segundo são-paulino.

Pode-se dizer que o São Paulo até surpreendeu e começou melhor. Ciente de que para bater os meninos da Vila, é preciso ousar. E foi isso o que Ricardo Gomes fez, adiantou a marcação e pressionou o time de Dorival Júnior.

O São Paulo dava pinta de que poderia surpreender. Mas ainda antes dos 20 minutos, o Santos encaixou. E começou a perigar e a rondar a metar tricolor. Ora com Paulo Henrique, ora com Neymar. Até que Junior César perdeu bola boba no meio, o Santos armou rápido contra-ataque e a bola sobrou para Léo cruzar. O mesmo Junior César havia voltado e foi cortar o cruzamento, mas acabou colocando para dentro da própria meta. Era tudo o que o Santos precisava. E o jogo também.

A partir daí, ficou aberto. Aos 33, o lance capital da partida. Marlos fez falta em Robinho, recebe o segundo amarelo e é expulso de maneira exagerada já que o primeiro cartão foi equivocado. O São Paulo se apequenava em sua própria casa, receoso do quê poderia vir naquele momento e diante daquela situação.

Aos 40, Neymar, em boa jogada pela esquerda, fez um senhor passe - genial até - para deixar André na cara do gol. O atacante só empurrou e correu para o abraço. O Santos tinha o primeiro grande lampejo do Santos versão 2010. Parecia que ia golear em pleno Morumbi. E roubava bolas com facilidade tremenda no meio, na base da velocidade e dava a crer que o jogo estava resolvido. Só restava saber de quanto seria a vitória santista.

No intervalo Gomes sacou Washington, colocou Cicinho no meio e isolou Dagoberto na frente. E, enquanto muitos ainda criticavam a substituição do treinador, eis que o São Paulo melhora e ressurge. Mesmo com um a menos.

Hernanes, apagado até então, assumiu seu papel e começou a distribuir dribles e chutes perigosos de fora da área. Até que, ainda aos 7, o meia são-paulino acertou um chute precioso e diminuiu a enorme vantagem santista. O jogo pegou fogo. Na primeira jogada após o gol, Robinho fez um lindo giro e mandou a bola no travessão. Era lá e cá.

Dagoberto, mesmo isolado, também infernizava a defesa santista. Aos 21, quando toda - ou quase toda - a defesa santista saiu de sua área para deixar o atacante tricolor impedido, Wesley parou e deu condição. Cicinho alçou bela bola à área, Dagoberto fez um lindo cabeceio e empatou o jogo.

As chamas do clássico viraram incêndio generalizado. O São Paulo, mesmo com um a menos, ousava vislumbrar a vitória. O Santos também não se contentava com o empate. O árbitro instaurou a lei da compensação e distribuía cartões a esmo para o time da Baixada, sem critério algum. Era iminente o risco de igualdade também numérica.

O São Paulo cansou e arrefeceu. O Santos não. Aos 40, Zé Eduardo - que havia entrado no lugar de Marquinhos - perdeu um gol incrível, embaixo das traves e com Rogerio já batido. O jogo se arrastava, imprevisível. Mas teimou em ser impiedoso.

Aos 44, o grande desfecho para um grande clássico. Madson cobrou falta na direita, a bola passou por todo mundo, Ceni saiu mal, não cortou e deixou a bola se oferecer sozinha para Durval. Quase debaixo das traves, o xerifão santista só escorou e mandou para o fundo das redes. Era o decreto final do placar. Três a dois em um grande jogo, embora se esperasse mais do Santos.

O São Paulo foi valente, reergueu-se quando todos não acreditavam mais nele, mas segue sua sina em 2010. A seca de clássicos no ano já chega a quatro derrotas em quatro jogos. Em questão de auto-confiança, isso pode ser fundamental.

Já a partida santista de ontem quase corroborou a tese de alguns que teimam ao dizer que os moleques da Vila sentirão o peso das decisões. A história do clássico pode até mostrar que foi assim, mas o resultado não.

Domingo o São Paulo terá tarefa mais do que árdua, bater o rival na Vila por dois gols de diferença. Difícil, improvável, mas ainda não impossível. Ou irreversível. Embora seja completamente inimaginável que o Santos não faça gols em casa, mesmo tendo pela frente a melhor dupla de zaga do país.

É o jogo que opõe e confronta dois estilos completamente diferentes. É o jogo para sacramentar o futebol vistoso. E, nesse caso, desnecessário dizer aqui a quem pertence. Os outros que se virem e corram atrás. A vantagem, que já era boa, fica ainda maior. Santos quase lá. E Santo André também.

*crédito das fotos: Agência Estado