DESABAFAR É PRECISO!!!!!

O futebol tupiniquim é mesmo intrigante. Somos a melhor escola de futebol do planeta. Pentacampeões mundiais. Praticamente hegemônico em títulos. Temos os maiores e melhores craques do mundo. Tanto em quantidade como em qualidade. E isso vem de longa data, desde que o futebol começou a se transformar no esporte mais apaixonante da Terra. Posto que não só ocupa até hoje, como vem aumentando ainda mais esse percentual.

Como país também somos sim uma potência - ainda que emergente. Nossa economia é uma das dez maiores do mundo e conquistamos resultados expressivos no mundo globalizado. Não me apego aqui a questões políticas, e sim à capacidade competitiva que estamos construindo ao longo dos anos. Posto tudo isso, podemos dizer que temos um cenário perfeito para termos um futebol competitivo, rentável e auto-sustentável, certo? Errado, caro leitor. Completamente errado...

Estamos longe disso. Muito longe, aliás. Nossos ídolos se dissipam com facilidade e velocidade impressionantes. Bastam algumas boas atuações em nossos clubes de ponta e já aparecem as especulações, que depois acabam se concretizando. Perdemos nossos jogadores para Rússia(!), Ucrânia (!), Turquia(!), Grécia(!), entre inúmeros outros países de menor expressão e até mesmo para os árabes que resolveram participar do jogo nos últimos anos. Isso sem falar nos grandes centros da Europa. A situação chega a soar como vergonhosa, humilhante até.

Os clubes brasileiros padecem hoje de uma anomalia crônica. Fruto de décadas e décadas de má administração, falta de visão, de estrutura e, principalmente, de dinheiro (que por sinal é a raiz de todos os outros problemas listados). E por aí vai...

Afora a questão geopolítica, a verdade é que ainda não conseguimos engatar um modelo sustentável para o futebol brasileiro. Estamos longe disso. E vou além, não há hoje UM único clube no futebol brasileiro que não dependa da venda de seus jogadores para conseguir se manter. Digo e repito; incluo TODOS os clubes nessa situação de calamidade. Essa é nossa triste realidade. É só compararmos o faturamento (e o lucro) que os clubes europeus apresentam com as cifras dos clubes brasileiros.

É claro que na Europa há a Liga dos Campeões (a mais rentável do planeta, à exceção da Copa do Mundo), há ainda a questão da proximidade entre os grandes centros econômicos, como também há os investidores em potencial - os chamados magnatas da globalização que agora "brincam" de injetar dinheiro em clubes sem grande expressão. Mas daí a aceitarmos esse modelo maléfico que impera hoje no país é ultrajante.

Nossos clubes viraram barrigas de aluguéis. Meras vitrines para empresários colocarem seus produtos à venda. Fatias e mais fatias. Cifras e mais cifras. Pequenas e irrisórias cifras. Enfim, um novo modelo é preciso. E urgentemente necessário. E assim segue nossa sina....

* Vitor Hugo Baqueta é jornalista e corintiano. Pretendia comprar a camisa alvinegra de número 6, mas agora não mais....